Os avanços tecnológicos e o acesso da população à recursos como a televisão e o radio após a década de 50 possibilitaram a democratização das artes, a apreciação da musica e de filmes que antes só poderiam ser feitas nos concertos ou nos cinemas agora poderiam ser feitas no conforto do lar, mas até que ponto isso seria bom?
A onipresença das artes no século XX, como todo avanço, é dual, pois leva informação a quem não tinha, mas põe a intenção de comercio numa área onde o único critério deveria ser a informação. As artes viram uma industria cultural de diversão de massa, que democratiza, mas emburrece, pois tem que ser obvio e mastigado para ser mais facilmente entendido e vender.
O cinema que tinha sido desabitado agora é monopolizado pela industria hollywoodiana, a vida pessoal dos atores é exposta intimamente e eles são a grande atração dos filmes e não mais o roteiro ou o diretor, os músicos perderam todos os seus direitos autorais com a internet, e a invenção dos i-pods tornou a apreciação da musica totalmente individual, ninguém mais vai a concertos e os poucos shows de qualidade musical são totalmente desprezados pois o que tem valor agora é ser uma celebridade televisiva; trocar dez vezes de figurino, ter muitos efeitos especiais e dançarinos no show e ser muito dinâmico no palco, pois o olhar moderno não admite tempo para reflexão e apreciação e o verdadeiro intuito da arte é deixado para traz, a música é eletronicamente modificada e a voz, playback. No cinema, a mesma coisa, cenas de ação e comédia barata distraem o telespectador mas não passam nenhuma mensagem que deveria ser o intuito, as artes foram democratizadas mas não com a qualidade que tinham no inicio. Não que os artistas de hoje tenham menos talento do que os antigos, mas os critérios mudaram, arte agora é investimento, tem que saber vender, dar IBOPE.
E é no intuito de vender que a industria “apaga a memória” dos cidadãos e os fascina com os próximos lançamentos, que perderam o habito de pesquisar um livro ou filme bom e já vão direto ao que a mídia impõe, que quando não é o lançamento americano no cinema, é aquele filme que está passando na TV, não tem escolha, muito menos cautela.
Com a domesticação das artes nos perdemos o dom de apreciação; a luz, temperatura, ambiente, tudo é apropriado para a concentração quando vamos a um lugar destinado as artes, em casa ficamos a vontade, comemos, atendemos o telefone, conversamos, e a conseqüência disso é que muitas pessoas acabam adquirindo o mesmo comportamento em lugares públicos. Mas o mais triste de tudo isso é o custo cultural, pois daqui um tempo ninguém mais lembrará a história da arte, os grandes artistas e não existiram mais clássicos.
MIGRANDO
Há 11 anos














