sábado, 10 de abril de 2010

Relatório sobre “A costura do invisível”

Aula de Laboratório de criação

Jum Nakao estava em crise criativa, estava angustiado de ter que criar uma coleção a cada seis meses só para satisfazer as necessidades capitalistas do mundo da moda, estava se sentindo infeliz como artista e com uma série de indagações do tipo “o que determina o valor de uma idéia?”, estava em busca de uma essência, uma identidade, buscando respostas em meio ao caos para buscar inspiração para sua nova coleção. Então Jum e sua equipe decidiram que dessa vez não iriam decifrar o caos, iriam apresentá-lo, expor todo o vazio que ele sentia.
Faltando poucas semanas para o desfile ele e sua equipe criativa decidiram que fariam uma coisa totalmente inusitada, que chocasse e ficasse na memória das pessoa: um desfile feito somente com roupas de papel!
Roupas que causassem um deslumbre gigantesco, que despertasse na platéia o desejo que elas fossem eternas, para isso Jum buscou no final do século XIX bordados, texturas e volumes que remetem as roupas da nobreza para fazer as roupas parecerem tesouros, mas em uma forma totalmente inédita. Depois de muito estudo concluíram que o papel vegetal seria a melhor matéria para confecção das roupas, pois define as formas, mas mostra alem delas, convidando quem o vê para o invisível. E a partir dessa idéia concluíram que a destruição de todas as roupas no final do espetáculo seria a melhor forma de passar o sentimento de angustia que eles queriam para a platéia.
Fizeram perucas de playmobil pois todos se identificariam e se projetariam dentro do trabalho, uma maquiagem lembrando os bonecos mas com cílios brancos para passar um olhar de vazio e o cenário bizarro que inicialmente seria com elementos da selva mas por impossibilidade de reproduzir as formas foi reproduzido anêmonas brilhantes que lembram o fundo do mar para acrescentar mais sentimento lúdico.
Porem, realizar todo esse show em tão pouco tempo exigiria muito planejamento, para isso Jum contratou uma equipe com diretores, produtores e artistas de outras áreas para auxiliá-lo, como um musico que fazia uma trilha sonora especial para conduzir o olhar e as emoções das pessoas durante o espetáculo.
O acabamento teria que ser perfeito para causar o deslumbre esperado, vários tipos de colas e fitas adesivas foram testados e feito um manual da coleção que ficou exposto no ateliê durante toda a preparação da coleção e cada peça foi tratada individualmente; os detalhes vazados foram feitos a laser pois não haveria tempo para cortar com estilete, e as gravações em alto relevo foram feitas por cunhadores de moedas do sul do Brasil.
O sigilo teria que ser total, só era divulgado para o publico detalhes básicos como que a coleção seria toda branca, lúdica e influenciada no século XIX mas jamais deixando transparecer que seria feita de papel, para as modelos era dito que aqueles eram apenas moldes e que as roupas ficariam prontas até o desfile, o ateliê ficou totalmente fechado e nenhuma pessoa além da equipe se aproximou da coleção até o momento do desfile.
Mas Jum Nakao não queria que todo aquele trabalho fosse lembrado apenas como um mito na historia da moda brasileira, queria que fosse um marco com muitos registros, por isso organizou um documentário com os bastidores e contratou uma fotografa para registrar o que depois viraria o livro e documentário “A costura do invisível” marcando o show de enceramento de sua carreira de estilista.

http://www.youtube.com/watch?v=5cLrpVuNtPI

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